terça-feira, 17 de abril de 2012

Como eu digo... nada muda em Elizabethtown. by Deise

by Prosa e Politica

Guerra cambial: Brasil x Brasil



‘A entrevista coletiva que Lula concedeu ontem em companhia de Dilma Rousseff, a presidente eleita, tem tudo, de fato, para entrar para a história. Entre outras coisas, ele criticou o governo dos Estados Unidos e da China por causa da tal “guerra cambial”.(Reinaldo Azevedo)


Sou um crítico do Obama, acho ele um misto de Lulla com Collor, mas a verdade é que ele faz as coisas que acha que deve fazer. Pode estar errado, é um presidente com anseios de autoritarismo, mas certamente não se preocupa com Lulla ou Dilma ou o Brasil. Se preocupa com os Estados Unidos, que é como deve ser.
Evidentemente se não puséssemos fora uma grana preta ajudando países que não nos dão nada, se Lulla não fosse perdulário, se Lulla cerceasse a corrupção, se Lulla não encorajasse a corrupção, se Lulla não comprasse o congresso em lugar de buscar um consenso funcional, até mesmo porque a principal oposição, o PSDB passou estes anos sendo uma oposição cavalheiresca senão abjetamente submissa, se não fomentasse um desregrado consumo interno tomando dinheiro a juros altíssimos e repassando-o a juros baixos, para assim arrecadar 40% do movimento econômico brasileiro o dólar versus real estaria em níveis toleráveis para um crescimento de exportações.
Tenho dito que podemos ter juros altos e impostos baixos, impostos altos com juros baixos, mas não podemos ter as duas coisas, ou seja impostos e juros altos.
Antigamente, nos anos 60 e 70 tentávamos ter exportações crescentes com importações controladas. De 1974 para diante cortamos a importação de tudo que podíamos menos de petróleo que absolutamente precisávamos. Com isto e com a vaidade nacionalista de Geisel escorregamos e encolhemos tecnologicamente. Usávamos equipamentos “Made in Brazil” que não precisavam ser de ponta tecnologicamente porque os fabricantes brasileiros não tinham concorrentes internos. Caímos para a obsolescência pura em 15 anos. Apenas funcionários de empresas grandes com computação em mainframes desenvolviam capacidade e familiaridade com a informática. Os primeiros computadores pessoais tipo Apple para aplicações mais sérias, Sinclair para crianças e adolescentes apenas passaram a circular no Brasil em cópias desatualizadas cinco anos após serem relegados ao lixo até em outros países, inclusive os emergentes. O custo de implantar sistemas de produção mecânica com controle numérico era impossível considerando que tínhamos de usar o que nos empurravam os fabricantes locais. Em função disto nosso custo de produção de produtos metalúrgicos manufaturados, apesar de produzirmos o ferro ou o aço a preços competitivos era maior até do que o custo de efetuar a transformação nos Estrados Unidos. E não só isto, o custo Brasil significava que uma vez importada a duras penas uma planta moderna do exterior, o custo de montá-la e colocá-la em funcionamento era 200% do custo em qualquer outro país do mundo.
Com isto vimos os Tigres Asiáticos deslanchar, vimos o conteúdo tecnológico e a natureza de nossas exportações de produtos industrializados permanecer, no geral, ao nível da produção de lâmpadas de querosene até Collor abrir as fronteiras.
Mesmo com as facilidades de importação o empresariado brasileiro mostrou que acredita no país. Em circunstâncias similares, os Argentinos, com a moeda valorizada fechavam suas fábricas e importavam quinquilharias. No Brasil 1990 introduziu uma grande corrida para atualizar os equipamentos industriais para produzir mais racionalmente, para conquistar aumento de produtividade. Isto sem um projeto de governo para industrialização, sem programas de apoio. Meramente pela necessidade e vontade do empreendedor de proteger seus negócios. Com a estabilização a partir de Itamar e do plano de FHC, em 2002 o país estava adaptado para o século XXI.
Contudo com a voracidade de Lula ao tomar dinheiro no mercado interno hoje temos as fábricas mas não temos as exportações. Estas crescem, sim, mas pouco. O país está vivendo de dinheiro que vem aqui veranear. Uma receita de exportação é de fato uma receita. Um dólar que vem para o Brasil aproveitar-se de juros altos é efêmero.
Nas últimas décadas do século passado as empresas, para criar uma massa crítica exportadora, se adaptaram à idéia que lucros enormes sobre vendas não eram possíveis no exterior, Teriam de ter lucros baixos sobre volumes grandes de vendas. Isto foi salutar até para enfrentar a novidade de uma economia estável, onde lucros de polichinelo de 25% sobre o faturamento, e aumentos de preço de 5% ou 10% não seriam mais aceitos pelo mercado. E sabedores disto, ainda assim desenvolveram programas constantes de aumento de exportações.
Conquistando exportações podiam continuar atualizando suas plantas e podiam lançar no mercado interno produtos semelhantes aos consumidos no primeiro mundo e a preços que na porta de fábrica eram semelhantes aos preços praticados internacionalmente. Posteriormente, governos estaduais e federais agregavam, como ainda agregam impostos que os deixam até três vezes mais caros que no primeiro mundo.
O país deveria ter hoje um objetivo de peso. Como diz o Lulla enchendo a boca. Somos a oitava economia do mundo. E daí? Somos o 23º. País em exportações Pelas minhas contas deveríamos estar compartilhando a 10ª. posição, junto com o Canadá e Hong Kong. Seria uma recita anual adicional de aproximadamente 150 bilhões de dólares, que seria exeqüível se nossos esforços para gerar novos exportadores fossem semelhantes aos esforços dos anos 90. Quem exporta mais de 300 bilhões ao ano também agrega equipamento de última geração, incorpora pessoas à força de trabalho e os caciques da política podem até importar Romanée Conti e amantes suecas (obrigado a Assis Chateaubriand que disse num discurso de inauguração da agropecuária Chambá, em que dizia que se criassem gado os fazendeiros gaúchos poderiam trazer champanhe e amantes francesas) se quiserem, sem desequilibrar a balança de pagamentos.
Após uma baixa e estabilização de preços domésticos que se estendeu para dento dos anos 2000, vejo certos setores resvalando lentamente para velhos hábitos. Procurem uma nota de caixa de supermercado de 18 meses atrás para verem o que aconteceu aos lacticínios, carne, geléias e materiais de limpeza. Estão subindo vertiginosamente. O preço atraente dos eletro-eletrônicos tem mascarado isto. Tente comprar um eletro-doméstico a vista, sem financiamento que verão qual o produto que estão pagando. Não o preço marcado no produto em se oferece 1/12 do preço ao mês para o pagamento em um ano. O preço pechinchado. Descubram o que estão pagando, O eletro-doméstico ou o financiamento? Na verdade paga-se pouco pelo produto em si, uns 40% de impostos e uma fábula de juros. Coisa de usurário. Situação confortável para o governo que gera lucros, caixa a ser aplicado pelos bancos e financeiras em Letras do Tesouro, e impostos para se gastar principalmente para se manter no poder. Se for possível além disto fazer sobrar um dinheirinho para alguma obra necessária será bem vindo, caso contrário inaugura-se a obra sem fazê-la.
Enquanto isto a expansão de exportações é morosa. Como seguir fazendo esforços para conquistar clientes quando o dólar está tão baixo. Já é uma luta insana vender produto nacional frente ao preço das importações. Um programa de incremento às importações não custa pouco e é de longo prazo. No momento as empresas, e particularmente as empresas medias e pequenas que não têm exportações significativas não podem se engajar intensamente nisto. Precisam cuidar dos centavos.
E não adianta Lula chorar porque a China e o Obama estão atropelando sua horta. A China cuida da China. Os Estados Unidos cuidam dos Estados Unidos. Só Lula cuida da Bolívia, da Venezuela, de Cuba, e de qualquer ditador persa ou africano que bata à porta.
E a todas estas, as estrelas do firmamento de nossas exportações, agricultura, mineração, metalurgia são acossadas por perdas técnicas consideráveis. Estradas inauguradas em que a produção e os caminhões que as transportam são perdidos, portos cuja expansão foi anunciada e até inaugurada onde filas de navios esperam para embarcar as cargas, uma burocracia que pede documentos desnecessários aos controles que realmente seriam da alçada do governo, porque são exigidas por indivíduos a quem a eficácia pouco se lhes dá e que não tem a menor idéia do que realmente deveriam exigir quando a lista é elaborada em alguma sala sem janelas a 2.000 km de um porto.
Do carrinho de cachorro quente ao moinho vamos encontrar perdas porque são impostas exigências obviamente absurdas ao empreendedor. E o burocrata faz isto também com as pessoas e empresas que desejam exportar. Melhorou? Sim, melhorou muito na década de 90. Mas os maus hábitos persistem especialmente quando existe um inchaço de funcionários que desejam mostrar que estão fazendo alguma coisa, que não seriam de forma alguma necessários onde estão e que nunca se dão o trabalho de sair de suas repartições para saber como as coisas funcionam, e mais ainda, se estiverem imbuídos de boa vontade não podem denunciar o que vêem de errado sob pena de sofrerem represálias.
E a todas estas, este mar de impostos incide sobre o custo de produzir no Brasil. Não se depura totalmente o alto custo dos impostos sobre equipamentos e insumos na hora de exportar. Eles tornam os custos fixos das empresas muito mais altos do que deveriam ser.
Há outro componente de prosperidade que um crescimento de exportação traria. Nas décadas de 60 e 70 via as empresas fomentarem o ensino técnico para suprir suas necessidades. Empresas que vislumbrem vantagens técnicas nunca se furtam a educar seus funcionários (com raras exceções). Vendo que o estado não se movimenta as empresas mesmo educam sua força de trabalho através de seminários e cursos bastante objetivos.
Na medida que isto ocorresse, apareceriam salários tão atraentes que mesmo parasitas do Bolsa Família ou falsos sem-terra sentiriam vontade de enfrentar 40 horas semanais de batente. O consumo destas pessoas empregadas geraria impostos que permitiriam ao governo doar mais algumas usinas para o Evo Morales sem deixar de mecanizar os portos brasileiros e sem deixar de consertar as estradas e ferrovias por onde se escoa a produção.
Em suma, Lulla, e Dilmá de janeiro em diante, não olhem o que o Obama pode fazer pelo Brasil. Olhem o que o Brasil pode fazer pelo Brasil se vocês pararem de colocar obstáculos no caminho e facilitarem a vida de quem tem carregado o país nas costas, ou seja, o empresariado dedicado.
E não se iludam com aqueles empresários que os têm apoiado. Não raro estão protegidos, pois há muito tempo fizeram o que deveriam fazer, ou seja criaram negócios internacionais que lhes permitirão sobreviver mais 4 ou 10 anos de desmandos e ignorância de alto nível.
Estes podem dar-se o luxo de paparicar o pirado de plantão na presidência

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