segunda-feira, 4 de maio de 2015

10 coisas que o mundo me ensinou e tive que desaprender



Por Clara Baccarin

1. Aprender a desaprender
Acho que quero dizer com isso que aprendi a analisar antes de concordar com o que já vem pronto, e analisar pode ser uma atividade profunda, tem muito a ver com se conhecer, com não se deixar levar por ideias de grupos, amigos, namorados, família. Tem a ver com um diálogo interno e um afastamento das situações, por mais que elas envolvam emoções e vontade de pertencer e compartilhar ideias que o tornariam uma pessoa legal aos olhos alheios. Ouvir, entender e falar consigo mesmo, eu realmente acredito nisso. Qual é o outro lado da moeda? Qual é a opinião contrária? Enfim, tudo, absolutamente tudo, é contestável, tem dois lados e deve ser refletido.

2. O silêncio fala mais do que grandes conversas
A fala excessiva anestesia os sentidos e outras formas de perceber o mundo. O mundo sempre me ensinou que quem fala, quem se comunica, quem tem o dom da palavra dita alta é poderoso, inteligente, conhecedor de coisas desse mundo. Pode ser mesmo, mas o silêncio, o aprender a escutar e sentir não só as pessoas, mas os olhares, os gestos, as estações, os sorrisos ou as faltas deles, te leva a conhecer coisas além desse mundo. Shh! Fiquemos um pouco quietos e escutemos os ecos dentro de nós que sempre são abafados pela fala excessiva. O silêncio tem tanto para nos dizer!

3. É melhor ser inteira do que ser boa demais
Escrevi assim esses dias “o meu lado mais bonito é a minha amizade com o meu lado mais feio”. Eu não quero eliminar o meu lado feio, mas quero entende-lo e deixa-lo ficar, porque acredito que o lado feio sempre fica de todo jeito e acredito que ser muito bom é só uma habilidade de esconder esse lado debaixo do tapete e não olhar pra ele. Mas ele mostra as caras cedo ou tarde. Acho que conhece-lo é também saber lidar com ele. Estou desaprendendo a ser linda e boa para ser inteira!

4. “A preocupação é um desperdício da imaginação”
Li essa frase em algum lugar esses dias. E acho que é uma coisa que desaprendi, a não me preocupar tanto. Essa vida louca que nos faz pensar que devemos ser sérios, e termos sempre algo para nos preocupar. Claro que sempre há problemas: pessoais, sociais, políticos, culturais, ambientais… Evitar a preocupação exagerada não quer dizer fingir que os problemas não existem, mas é manter a calma para lidar com eles, é deixar de se preocupar sempre para poder usar o cérebro para algo mais prazeroso: imaginar! Lembrei agora de uma outra frase: “a imaginação é a inteligência se divertindo”. E eu acabo de criar mais uma frase agora: “a preocupação é a inteligência se poluindo”.

5. Ser distraído e bobo te levam além
Como o mundo prega a importância de estar o tempo todo ligado, preocupado, ativo, útil, maquinal… Como o mundo é um joguinho em que os espertos vencem, te deixam para trás, te usam se preciso, ambicionam e alcançam a qualquer custo. E os bobos, os do mundo da lua, os que conseguem imaginar histórias e ver detalhes, os distraídos que dormem e ainda sonham, que acordam e ainda sonham, que proliferam sentimentos, que conservam a capacidade de sentir ao invés de entender, esses vivem! E os que entendem tanto tudo e todos, que não caem em armadilhas, também desaprendem a se entregar e a viver profundamente, porque ao entender demais o medo surge e domina tudo. Benditos os distraídos que ainda conseguem, mesmo que por um tempo limitado, naufragar na beleza das emoções e das pessoas.

6. O meio termo e o equilíbrio não me servem
O mundo fica ensinando a ir em busca de um tipo de conforto que me parece, às vezes, nos fazer viver como zumbis – cegos e sonâmbulos. Queremos ver a vida através dos nosso olhos preocupados e da vontade atenta de não fazermos papel de bobo, e o nosso gol se torna alcançar um pedacinho no mundo em que sejamos mais espertinhos, em que conheçamos todos os cantos, em que nos relacionemos sem grandes conflitos e que possamos seguir uma rotina sem grandes descobertas. Para mim isso parece, além é claro de uma monotonia, um viver em cima do muro, num equilíbrio estático, chato e pobre. Prefiro o inferno ou o polo norte, o morno me exaure e me mata lentamente.

7. “Onde não puder amar não se demore”
Gosto muito dessa frase do escritor brasileiro Augusto Branco. Acho que a vida ensina a sermos rasos e insistentes, frios e comprometidos, focados e calculistas. Eu não. Sou profunda e não me demoro quando encontro campos inférteis, só fico se há amor, paixão, interesse… Há de haver um tempo dos amores crescerem e frutificarem? Sim, acredito nisso, tento cultivar amor, mas se ele não desponta, nem devagar, nem naturalmente, acredito na partida. Amor que é bom é orgânico, não precisa de tanta luta, nasce e cresce sozinho. Mas há pessoas que pavimentaram o próprio coração. E aí eu pergunto: para que desperdiçar sementes no asfalto? Desenvolvamos olhos para ver terras férteis! Maturidade é saber onde derramar a intensidade.

8. O trabalho não é a coisa mais importante do mundo
Pode até ser que seja, se for por uma causa, uma missão, uma paixão… Mas desacredito na ideia de que trabalho enobrece. Nem sempre, nem sempre. Muitas vezes, é bem o contrário disso. É triste ver que pagar as contas e construir uma aposentadoria, garantir um futuro confortável, seja o maior objetivo da vida das pessoas. Sei que pagar as contas é um mal necessário, mas não acho que esse deva ser o maior objetivo de todos.

9. A loucura é saudável
Loucura, palavra tão ampla de significados. Pode ser uma extravagancia, um exagero, uma imprudência. Pode ser uma fuga, uma tentativa cega no desconhecido, um experimento, um contato com o novo, uma curiosidade que te faz querer ir além do sensato. A minha loucura é apenas uma incapacidade de pertencer a estereótipos. Loucuras sensatas me interessam.

10. Eu não sou o que como, eu não sou o que tenho
Desaprendendo isso também, acredito apenas que: “Eu sou o que sonho”.

domingo, 3 de maio de 2015

Game transforma a casa do jogador em cenário de terror

Ambiente usado no jogo é casa do próprio jogador - REPRODUÇÃO

RIO — Imagine andar pelo corredor da sua casa e, quando entrar no seu quarto, dar de cara com um fantasma. É isso o que promete o jogo “Night Terrors”, que está levantando fundos no site de financiamento coletivo Indiegogo. Com o uso da realidade aumentada, o game faz um mapeamento digital do ambiente e, com a câmera e a lanterna do flash, cria efeitos aterrorizantes dentro da casa do jogador.


“Nosso objetivo é criar o jogo mais assustador de todos os tempos”, definem os produtores no site da campanha de financiamento. “É um jogo de horror muito imersivo, realístico e de realidade aumentada para dispositivos móveis. O jogo se passa em casa, após o anoitecer, com as luzes apagadas e os fones de ouvido colocados. É na sua casa. No seu apartamento. No seu ambiente”.

Pelo mapeamento prévio do ambiente, o sistema entende onde o jogador está e explora essa informação para criar situações assustadoras. No vídeo de demonstração, quadros caem das paredes e imagens fantasmagóricas surgem atrás das portas. A ideia é que as luzes da casa sejam apagadas e a única iluminação seja a lanterna de LED do flash. A ação se passa na tela do celular, que mostra as imagens reais captadas pela câmera misturadas com criaturas virtuais.

A história é simples: o jogador deve salvar uma garota, mas para isso precisa sobreviver. “Descobrir como fazê-lo é o desafio real”, dizem os produtores. O jogo está sendo desenvolvido para controlar o comportamento do jogador, dizendo onde ele deve ir e o que fazer.

“Se o jogo precisa que o jogador entre pelo corredor, ele o manipula para ir até lá. Se o jogo não quer que o jogador se mexa, ele apresenta uma situação na qual um movimento mataria o jogador”, escreveu Bryan Mitchell, criador da ideia, em um fórum no Reddit..

O projeto já levantou US$ 14.376 em dois dias, mas pede total de US$ 70 mil. A menor contribuição é de US$ 5, que dá direito a uma cópia do game quando ele estiver pronto. A previsão é de entrega em junho do ano que vem. Por US$ 25, os produtores oferecem uma versão personalizada, em que os atores chamam o jogador pelo nome; e por US$ 150, o doador vira um personagem do joguinho.

by O Globo

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Míssil nuclear: a reportagem da Época que vai explodir Lula

Brasil

by O Antagonista

A revista Época que está chegando às bancas traz uma reportagem exclusiva com o título "Lula, o Operador". Subtítulo: "O Ministério Público abre investigação contra o petista por tráfico internacional de influência. Ele é suspeito de ajudar a construtora Odebrecht a ganhar contratos na América Latina e na África com dinheiro do BNDES".
É a primeira vez que Lula é formalmente investigado. E o míssil é nuclear.

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Marxismo: a máquina assassina

por 

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Com a queda da União Soviética e dos governos comunistas do Leste Europeu, muitas pessoas passaram a crer que o marxismo, a religião do comunismo, está morto.  Ledo engano.  O marxismo está vivo e vigoroso ainda em muitos países, como Coréia do Norte, Cuba, Vietnã, Laos, em vários países africanos e, principalmente, na mente de muitos líderes políticos da América do Sul.  
No entanto, de extrema importância para o futuro da humanidade é o fato de que o comunismo ainda segue poluindo o pensamento e as ideias de uma vasta multidão de acadêmicos e intelectuais do Ocidente.

De todas as religiões, seculares ou não, o marxismo é de longe a mais sangrenta — muito mais sangrenta do que a Inquisição Católica, do que as várias cruzadas e do que a Guerra dos Trinta Anos entre católicos e protestantes. Na prática, o marxismo foi sinônimo de terrorismo sanguinário, de expurgos seguidos de morte, de campos de prisioneiros e de trabalhos forçados, de deportações, de inanição dantesca, de execuções extrajudiciais, de julgamentos "teatrais", e de genocídio e assassinatos em massa.

No total, os regimes marxistas assassinaram aproximadamente 110 milhões de pessoas de 1917 a 1987.  Para se ter uma perspectiva deste número de vidas humanas exterminadas, vale observar que todas as guerras domésticas e estrangeiras durante o século XX mataram aproximadamente 35 milhões de pessoas.   Ou seja, quando marxistas controlam estados, o marxismo é mais letal do que todas as guerras do século XX combinadas, inclusive a Primeira e a Segunda Guerra Mundial e as Guerras da Coréia e do Vietnã.

E o que o marxismo, o maior de todos os experimentos sociais humanos, realizou para seus cidadãos pobres à custa deste sangrento número de vidas humanas? Nada de positivo.  Ele deixou em seu rastro apenas desastres econômicos, ambientais, sociais e culturais.

O Khmer Vermelho — comunistas cambojanos que governaram o Camboja por quatro anos — fornece algumas constatações quanto ao motivo de os marxistas acreditarem ser necessário e moralmente correto massacrar vários de seus semelhantes.  O marxismo deles estava em conjunção com o poder absoluto.  Eles acreditavam, sem nenhuma hesitação, que eles e apenas eles sabiam a verdade; que eles de fato construiriam a plena felicidade humana e o mais completo bem-estar social; e que, para alcançar essa utopia, eles tinham impiedosamente de demolir a velha ordem feudal ou capitalista, bem como a cultura budista, para então reconstruir uma sociedade totalmente comunista. 

Nada deveria se interpor a esta realização humanitária.  O governo — o Partido Comunista — estava acima das leis. Todas as outras instituições, normas culturais, tradições e sentimentos eram descartáveis.

Os marxistas viam a construção dessa utopia como uma guerra contra a pobreza, contra a exploração, contra o imperialismo e contra a desigualdade — e, como em uma guerra real, não-combatentes também sofreriam baixas. Haveria um necessariamente alto número de perdas humanas entre os inimigos: o clero, a burguesia, os capitalistas, os "sabotadores", os intelectuais, os contra-revolucionários, os direitistas, os tiranos, os ricos e os proprietários de terras.  Assim como em uma guerra, milhões poderiam morrer, mas essas mortes seriam justificadas pelos fins, como na derrota de Hitler na Segunda Guerra Mundial.  Para os marxistas no governo, o objetivo de uma utopia comunista era suficiente para justificar todas as mortes.

A ironia é que, na prática, mesmo após décadas de controle total, o marxismo não apenas não melhorou a situação do cidadão comum, como tornou as condições de vida piores do que antes da revolução.  Não é por acaso que as maiores fomes do mundo aconteceram dentro da União Soviética (aproximadamente 5 milhões de mortos entre 1921-23 e 7 milhões de 1932-33, inclusive 2 milhões fora da Ucrânia) e da China (aproximadamente30 milhões de mortos em 1959-61).  No total, no século XX, quase 55 milhões de pessoas morreram em vários surtos de inanição e epidemias provocadas por marxistas — dentre estas, mais de 10 milhões foram intencionalmente esfaimadas até a morte, e o resto morreu como consequência não-premeditada da coletivização e das políticas agrícolas marxistas.

O que é espantoso é que esse histórico fúnebre do marxismo não envolve milhares ou mesmo centenas de milhares, mas milhões de mortes.  Tal cifra é praticamente incompreensível — é como se a população inteira do Leste Europeu fosse aniquilada.  O fato de que mais 35 milhões de pessoas fugiram de países marxistas como refugiados representa um inquestionável voto contra as pretensões da utopia marxista.  [Tal número equivale a todo mundo fugindo do estado de São Paulo, esvaziando-o de todos os seres humanos.]

Há uma lição supremamente importante para a vida humana e para o bem-estar da humanidade que deve ser aprendida com este horrendo sacrifício oferecido no altar de uma ideologia: ninguém jamais deve usufruir de poderes ilimitados.

Quanto mais poder um governo usufrui para impor as convicções de uma elite ideológica ou religiosa, ou para decretar os caprichos de um ditador, maior a probabilidade de que vidas humanas sejam sacrificadas e que o bem-estar de toda a humanidade seja destruído.  À medida que o poder do governo vai se tornando cada vez mais irrestrito e alcança todos os cantos da sociedade e de sua cultura, maior a probabilidade de que esse poder exterminará seus próprios cidadãos.

À medida que uma elite governante adquire o poder de fazer tudo o que quiser, seja para satisfazer suas próprias vontades pessoais ou, como é o caso dos marxistas de hoje, para implantar aquilo que acredita ser certo e verdadeiro, ela poderá impor seus desejos sem se importar com os custos em vidas humanas.  O poder é a condição necessária para os assassinatos em massa.  Quando uma elite obtém autoridade plena, várias causas e condições poderão se combinar para produzir o genocídio, o terrorismo, os massacres ou quaisquer assassinatos que os membros dessa elite sintam serem necessários.  No entanto, o que tem de estar claro é que é o poder — irrestrito, ilimitado e desenfreado — o verdadeiro assassino.

Nossos acadêmicos e intelectuais marxistas da atualidade usufruem um passe livre.  Eles não devem explicações a ninguém e não são questionados por sua defesa de uma ideologia homicida.  Eles gozam de um certo respeito porque estão continuamente falando sobre melhorar as condições de vida dos pobres e dos trabalhadores, suas pretensões utópicas.  Porém, sempre que adquiriu poder, o marxismo fracassou miserável e horrendamente, assim como o fascismo.  Portanto, em vez de serem tratados com respeito e tolerância, marxistas deveriam ser tratados como indivíduos que desejam criar uma pestilência mortal sobre todos nós.

Da próxima vez que você se deparar com marxistas ou com seus quase equivalentes, os fanáticos esquerdistas, pergunte como eles conseguem justificar o assassinato dos mais de cento e dez milhões de seres humanos que sua fé absolutista provocou, bem como o sofrimento que o marxismo criou para as outras centenas de milhões de pessoas que conseguiram escapar e sobreviver.

R.J. Rummel , professor emérito de ciência política e finalista de Prêmio Nobel da Paz, é o mais aclamado especialista mundial em democídio, termo que ele cunhou para se referir a assassinatos cometidos por governos.  Escreveu o livro Death by Government, leitura obrigatória para qualquer pessoa que queira se inteirar das atrocidades cometidas por governos.  Ao todo, Rummel já publicou 29 livros e recebeu numerosas condecorações por sua pesquisa.

UM TEXTO PARA QUEM TEM MÃE

SOCIAL JUSTICESOCIEDADE
Estimados Amigos, 
Muito obrigado pelas muitas palavras de fé, encorajamento e apoio. No entanto, o estado da minha querida mãe é crítico, só um verdadeiro milagre para reverter a situação. Todos nós que temos ou tivemos mãe sabemos o quanto tal criatura significa em nossas vidas. Lembro-me de quando menino das lutas constantes quando um menino falasse qualquer coisa da mãe do outro. Dizíamos nós que “mãe é sagrada”. 
Hoje lutamos com um sistema de saúde precário, onde nosso povo brasileiro é tratado pior do que a forma como o gado é tratado na Europa. Sem leito em hospitais, sem leito nas UTIs e sem dignidade, enquanto nossa classe dirigente arromba com os cofres públicos do país levando-nos não só a agonia da vida sem dignidade, mas também da morte infame. 
Dói-me ver a vida da minha mãe esvaindo-se enquanto espera em sofrimento por um leito na UTI de um hospital onde possa receber um tratamento decente, enquanto nossos políticos, aqueles que escolhem como devemos ser tratados nos hospitais públicos, recebem tratamento VIP nos melhores hospitais privados do país às custas do cidadão. Isto dói tanto quanto a morte!
Termino meu desabafo com um nó na garganta, um aperto no peito é um sentimento estranho, uma mistura de revolta contra o sistema em que vivemos e com implacável  realidade da banalidade da da vida.
Uma boa noite de um filho amado por uma mulher guerreira!
Luis A R Branco, poeta
P.S. Minha mãe aguardou alguns dias por um leito, deitada numa maca, e agora, em agonia aguarda por uma vaga numa UTI na Cidade de Petrópolis, onde o Prefeito é o Médico Rubens Bomtempo.

terça-feira, 21 de abril de 2015

Primeira Vitória de Ayrton Senna na F1 Foi há 30 Anos em Portugal

VASCO GARCIA

Blastingnews - pt.blastingnews.com

Numa corrida marcada pela chuva, Senna liderou de início ao fim e entrou para a história da Fórmula 1.


Senna celebrou efusivamente a vitória

A primeira vitória de Ayrton Senna na Fórmula 1 chegou no Grande Prémio de Portugal no dia 21 de Abril de 1985, há precisamente 30 anos. A corrida foi muito complicada e teve a chuva como protagonista. Não foi uma vitória qualquer. Foi uma exibição como poucas vezes se viu de um piloto que é uma lenda.



Depois da estreia na F1, pelas mãos da Toleman, a Lotus não demorou a contratar Senna. Desde 1982 que a equipa não conseguia um triunfo e colocava todas as suas esperanças naquele jovem brasileiro que tanta expectativa despertava. Na primeira corrida da época, a vitória foi paraAlain Prost e o seu McLaren TAG, que se viria a sagrar campeão.
Para a segunda prova, o circo deslocou-se até ao autódromo do Estoril, onde tinha terminado a temporada anterior. O fim-de-semana arrancou bem para Senna, que garantiu a pole-position, à frente de Prost eRosberg. Mas os problemas começaram logo no warm-up, com uma rotura do motor. Fuma rotura repentina e violenta e foi necessário refazer toda a parte posterior doi o bólide nas poucas horas que faltavam para a partida. Ainda não tinha começado a chover. Um frustrado Ayrton Senna esperou sentado, pacientemente, que os mecânicos corrigissem os muitos problemas.

Com a chuva a inundar a pista a cada minuto, o diretor de corrida, Luís Salles Grade, decidiu dar dez minutos extra de preparação, para que os pilotos se ajustassem às duras condições da pista. Com o carro arranjado, o brasileiro saiu das boxes "a pisar ovos", segundo as suas próprias palavras. Senna nunca tinha feito nenhum treino com chuva, nem com o seu Lotus 97T, nem com os pneus Goodyear.

Mantendo-se na frente após a partida, Ayrton tinha a vantagem de uma visibilidade quase normal, sem levar com a água levantada pelos pneus de chuva. Foi ganhando uma média de um segundo e meio por volta e manteve-se sempre na liderança, melhorando consecutivamente a volta rápida. Depois de 10 voltas, a vantagem era de mais de 12 segundos e continuava a subir. Lá atrás, os outros candidatos iam fazendo erros atrás de erros. PatreseBerger, Rosberg e Prost, entre outros, ficaram fora de corrida.

Enquanto Senna continuava líder, a chuva tornou-se mais intensa. Tanto que o próprio brasileiro começou a indicar que o melhor seria parar a corrida, uma vez que a pista estava muito perigosa. Hoje em dia, talvez nem tivesse começado. Ante a reposta negativa do director de corrida, Ayrton continuou até ao limite regulamentar das duas horas, que chegou quando se cumpriam 67 das 69 voltas. Senna ganhou liderando a prova do início ao fim, com mais de um minuto de vantagem sobre o Ferrari deAlboreto. O italiano foi o único dos oito pilotos que terminaram a corrida que não dobrou o génio brasileiro. Poderia ter havido uma dobradinha para a Lotus Renault, mas De Angelis teve um rebentamento de pneu e acabou em quarto.



A grande estrela do dia foi Ayrton Senna. Peter Warr não conseguiu conter a sua euforia no fim da prova. O próprio Senna batia com tanta força no volante ao passar pela meta que quase saiu de pista, já sem cinto de segurança, tal era a emoção pela histórica e inédita vitória. Ao sair do carro, o brasileiro foi directamente dar um beijo ao pai, que estava debaixo da torre de direcção de corrida. Assim, a Lotus, sob o comando de Peter Warr e mãos de Senna ao volante, voltou às vitórias, o que não acontecia desde a Áustria em 1982. O bólide desenhado por Gerard Ducarouge entrou para a história da Lotus e Ayrton Senna entrou para a história da Fórmula 1.


Peter Warr, chefe da equipe Lotus-Renault, eufórico com a vitória de Ayrton Senna


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Há 30 anos, Senna conquistava a sua primeira vitória na F-

Folha de SP 
DE SÃO PAULO


Àquela altura, a primeira vitória de Ayrton Senna parecia ser apenas questão de tempo para o mundo da F-1.

Mas poucos podiam imaginar que ela aconteceria naquele 21 de abril de 1985, num GP de Portugal marcado pela chuva. Mais que isso, da maneira como o piloto brasileiro, então em sua segunda temporada na categoria, foi tão superior aos adversários.

"Quando começou a chover naquele dia, imaginei que Ayrton pudesse ir bem porque em Mônaco, no ano anterior, ele havia dado um show na chuva", relembra a jornalista alemã Karin Sturm, do "Tagesspiegel", de Berlim, que cobria seu terceiro Mundial de F-1 naquele ano.

Em sua 16ª corrida no Mundial, a segunda pela Lotus, Senna largava na pole position pela primeira vez em sua carreira naquele domingo, no circuito de Estoril.

Apesar de a classificação ter sido disputada com a pista seca, o domingo em Portugal começou com chuva. Naquele dia, a corrida, a segunda etapa do Mundial de 1985, atrasou. Mas por conta de um motivo ao menos curioso.

O piloto brasileiro Ayrton Senna, pela Lotus, acena durante a sua primeira vitória na F-1, em 1985

"Havia uma antiga disputa entre o governo e a proprietária do autódromo. Como o governo havia dado dinheiro ao circuito para as reformas, mudou o nome do local para Autódromo do Estoril", relembra o jornalista português Luis Vasconcelos, da Formula Press, que naquele 21 de abril estava na pista como fã.

"Mas, no dia da prova, a proprietária da pista afirmou que não haveria corrida se seu nome não voltasse a ser pintado no prédio principal. Eles então chamaram um pintor às pressas, que apagou o 'do Estoril' e substituiu por Fernanda Pires da Silva. Por conta disso a corrida atrasou uns 40 minutos pelo menos."

Após a largada, Senna começou a dar seu show com pista molhada. Um a um, ultrapassou todos os adversários, à exceção do ferrarista Michele Alboreto, que terminou a prova em segundo.

"Naquela época trabalhava como fotógrafo e jornalista e lembro de estar na primeira curva naquele domingo. Lembro daquela imagem que parecia uma visão. Todo o spray de água subindo e a Lotus preta do Ayrton surgindo, ultrapassando todos os carros. Foi sensacional", relembra o norte-americano Dan Knutson, hoje repórter da revista "Speed Sport".

A primeira vitória veio e, naquele ano, acompanhada de apenas uma mais, na Bélgica. Abriria caminho para a ida de Senna para a McLaren, dois anos depois, e seria apenas a primeira de 41 nos dez anos em que o piloto brasileiro esteve na F-1 –Michael Schumacher é o maior ganhador, com 91 triunfos, seguido por Alain Prost, dono de 51.

"Era claro desde o início que Senna tinha algo especial. Era uma mistura de personalidade e dedicação. Havia uma aura diferente. Sua passagem pela F-1 sem dúvida mudou o esporte. Foi quase como se trouxesse um olhar científico ao esporte, sem perder a sensibilidade", diz o jornalistaFredrik af Petersens, do Bilsport, da Suécia, que estava em Estoril.

Para o fotógrafo suíço Jad Sherif, que acompanhou a carreira do tricampeão, Senna tinha "uma luz diferente".

"Se você colocasse qualquer piloto contra um mesmo fundo branco e ajustasse sua câmera, não precisava mudar a regulagem para nenhum. Senna era a exceção. Ele tinha um brilho que não se pode explicar com palavras."

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Melhor vitória de Senna - segundo ele mesmo - completa 30 anos

Julianne Cerasoli
Do UOL,

Ayrton Senna festeja sua primeira vitória na Fórmula 1, em 21 de abril de 1985

Esqueça a aula de pilotagem na chuva em Donington Park em 1993. Ou a sofrida conquista no GP do Brasil de 1991. A vitória que o próprioAyrton Senna considerava a sua melhor na Fórmula 1 faz 30 anos hoje.

E foi logo a primeira de suas 41, conquistada sob forte chuva no GP de Portugal de 1985, dia 21 de abril, quando o tricampeão ainda estava em sua segunda temporada na Fórmula 1 e corria pela Lotus. Quem garante o lugar especial que o triunfo tinha na memória de Senna é o jornalista inglês Nigel Roebuck, um dos poucos que estava cobrindo a prova no Estoril e que segue acompanhando o 'circo' até hoje.

"Quando perguntei a Ayrton se a vitória de Donington [em que foi de quinto a primeiro na primeira volta e venceu com 1min23 para o segundo colocado] havia sido sua melhor, ele disse: 'Não! Claro que aquela foi boa, e não foi fácil – mas não foi como Portugal em 1985. Em Donington eu tinha um [motor] Cosworth, mas em Estoril tinha o Renault turbo – era muito mais potência! Mas a maior diferença é que agora temos controle de tração, e naquela época não...'", lembrou o jornalista ao UOL Esporte.

"Eu poderia entender por que a vitória do Estoril na Lotus-Renault era tão importante para ele. Não foram muitas pessoas que estiveram lá para assistir, mas foi um daqueles dias em que todos tinham certeza, mesmo durante a prova, que estávamos assistindo a uma corrida destinada a construir uma lenda", defende Roebuck. "Assisti à prova na primeira curva com Denis Jenkinson [um dos jornalistas mais respeitados da época] e lembro como ele estava exultante quando Senna cruzou a linha de chegada: 'É um novo Villeneuve, não é? Um piloto que sempre está à frente de seu carro'", comparou. Gilles Villeneuve, lenda da Ferrari entre os anos 1970 e 1980, era conhecido pela agressividade.

"Algum tempo depois eu mencionei isso a Ayrton, e ele ficou muito grato com a comparação com Gilles. 'Mas não estava sempre à frente do carro. As condições estavam tão ruins que as curvas estavam mudando, volta após volta, e às vezes o carro está me conduzindo'", revelou o brasileiro.

Dilúvio em Portugal
De fato, o GP da primeira vitória de Senna ficou marcada pelas péssimas condições de pista, que pegaram vários pilotos de surpresa. Era a segunda corrida do campeonato – e a segunda prova do brasileiro pela Lotus, depois de ter feito sua temporada de estreia na Toleman.

Ayrton largava pela primeira vez na pole position – o que se tornaria de praxe naquele ano, em que foi o primeiro na classificação em sete oportunidades – e a chuva começou a cair ainda antes da largada, após todas as sessões anteriores serem disputadas com pista seca. "Nos tempos de hoje as condições eram tão ruins que a corrida provavelmente começaria com Safety Car, mas na época nem se pensava nisso", compara Roebuck.

Senna conseguiu sair bem e foi aumentando sua vantagem na ponta enquanto os rivais sofriam – no final da segunda volta já tinha 3s de distância para o segundo colocado. A água era tanta que, depois de 16 voltas, Jacques Laffite parou sua Ligier dizendo que o carro era inguiável em tais condições, e Nelson Piquet chegou a parar no box para colocar um macacão seco antes de também abandonar: os pneus Pirelli da Brabham do brasileiro não tinham um bom rendimento na pista. "Dentro do carro eu estava amaldiçoando Bernie [Ecclestone, chefe da equipe] por ter aceitado o dinheiro da Pirelli", revelaria o piloto. Em determinado momento, até Senna passou a gesticular no carro, pedindo o fim da prova.

À medida que a chuva ia piorando, contudo, o brasileiro ia abrindo mais na ponta e mais rivais ficavam pelo caminho. Keke Rosberg, da Williams, e Alain Prost, da McLaren, bateram na caça ao brasileiro, que abriu meio minuto depois de 30 voltas. A prova seria encerrada no limite de 2h, duas voltas antes do fim, com Senna batendo Michele Alboretopor 1min02s978. Assim, fez um grand chelem – pole, volta mais rápida, vitória liderando todas as voltas da corrida - logo na primeira conquista da carreira.

"Foi sorte"
Mas o que poderia ser visto como uma pilotagem de outro mundo foi diminuída por Senna, então com 25 anos. O que ele consideraria sua melhor vitória nos anos seguintes não lhe pareceu tão fenomenal logo após a bandeirada. "O maior perigo era que as condições mudavam o tempo todo. Ás vezes a chuva apertava muito, às vezes nem tanto. Não conseguia ver nada atrás de mim. Era difícil até manter o carro na reta e certamente a corrida poderia ter sido paralisada. Em um momento eu quase rodei na frente dos pits, como Prost", revelou.

"As pessoas estão dizendo que não cometi erros, mas não têm ideia de quantas vezes eu saí da pista! Em certo momento estava com as quatro rodas na grama, tinha perdido o controle... mas de certa forma o carro voltou para o circuito. Todos disseram 'que controle fantástico' mas foi só sorte – e sorte, também, que isso não apareceu na TV", brincou.

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Há 30 anos, a primeira vitória de Ayrton Senna na Fórmula 

Por Marcos Júnior -
Terceiro Tempo 

Há exatos 30 anos, em 21 de abril de 1985, Ayrton Senna vencia sua primeira corrida na Fórmula 1, no GP de Portugal, sob chuva.

Após uma temporada de estreia marcante no ano anterior, pela Toleman-Hart, Senna fazia sua segunda corrida pela Lotus-Renault, e largava na pole pela primeira vez.

Vale salientar que a pole de Ayrton Senna, então com 25 anos de idade, foi conquistada em piso seco, em 1min21s007.

Assim como no GP de Mônaco de 1984, quando fez uma brilhante corrida na chuva e terminou em 2º lugar, Senna enfrentou pista molhada no traçado de Estoril.

Com Alain Prost (McLaren-TAG/Porsche) ao seu lado, Senna largou bem e manteve a liderança, seguido por Elio de Angelis, seu companheiro de equipe, que saltou da quarta para segunda colocação.

Senna dominou a prova. Foi o mais rápido em todos os treinos, venceu de ponta a ponta e ainda fez a volta mais rápida, em 1min44s121.

O motor Renault turbo de sua Lotus tinha um problema crônico de consumo de combustível, mas o ritmo mais lento da corrida, finalizada em pouco mais de duas horas, permitiu que o brasileiro tivesse uma jornada sossegada nesse quesito.

Exímio em piso molhado, Senna completou as 67 das 69 voltas previstas com a assombrosa vantagem de 1min02s978 sobre o segundo colocado, o italiano Michele Alboreto (Ferrari), assim como o brasileiro, falecido em um acidente pela American Le Mans Series, com Audi R8, no circuito alemão de Lausitzring.

O francês Patrick Tambay, da Renault, completou o pódio em terceiro, a uma volta do brasileiro.

O outro brasileiro na prova, Nelson Piquet (Brabham-BMW), largou em décimo e abandonou na 28ª volta, com problema de pneus.

Foi uma prova de muitos abandonos. Dos 26 carros que largaram, apenas nove concluíram.

"Vai andando forte o garoto Ayrton Senna", foi uma das frases de Galvão Bueno durante a transmissão que você pode acompanhar abaixo, na íntegra, com comentários de Reginaldo Leme:




Amplo domínio de Ayrton Senna em sua primeira vitória na Fórmula 1, pela Lotus-Renault. Brasileiro terminou com mais de um minuto de vantagem para o segundo colocado, o italiano Michele Alboreto, da Ferrari. Senna desafivelou o cinto de segurança logo após cruzar a linha de chegada. Foto: Divulgação


Peter Warr, então chefe da Lotus, recebe Senna na área atrás dos boxes do circuito do Estoril. Foto: Divulgação

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Há 30 anos, Senna conquistava primeira vitória na F1 no mesmo dia da morte de Tancredo Neves


Grande Prêmio 

Em um 21 de abril como hoje, 30 anos atrás, Ayrton Senna passeou na chuva torrencial do Estoril para vencer o GP de Portugal e sua primeira corrida na F1. Ali, no que veio a ser o dia da morte do primeiro presidente civil eleito pós-anos de chumbo, Tancredo Neves, Senna começou seu legado na F1 e no Brasil

WARM UP
PEDRO HENRIQUE MARUM, do Rio de Janeiro


Era um 21 de abril como hoje, em 1985. Um início de tarde com chuva torrencial no Estoril, e a F1 estava prestes a largar para o GP de Portugal. No Brasil, alguma expectativa. Um jovem piloto, apenas em seu segundo ano na F1, primeiro numa equipe que dava a ele mais chances de andar nas posições frontais, debutava na pole-position de um GP.

Conforme a chuva apertava e a pista portuguesa dificultava mais, com um desenho que fazia a água escorrer para algumas partes do traçado, as coisas pareciam ser niveladas, favorecendo o jovem piloto da Lotus,Ayrton Senna. Especialmente quando puxava-se a memória para o GP de Mônaco do ano anterior, onde Senna barbarizou com a Toleman também na chuva.

No entanto, o torcedor brasileiro regular esperava mais que o resultado de uma corrida na F1. A conquista, então recente, de ter um presidente civil como comandante-chefe pela primeira vez desde o Golpe Militar de 1964, se tornou rapidamente um pesadelo. Eleito em janeiro de 1985,Tancredo Neves se viu em graves problemas de saúde. Um tumor no intestino, que escondeu por receio do pavor que a palavra 'câncer' pudesse causar, especialmente quando a sombra dos militares ainda era muito forte e a posse ainda não era certeza. Embora tenha arquitetado todo um plano para se certificar de que a faixa presidencial chegasse às suas mãos, Tancredo sequer pôde ser empossado, ficando essa obrigação com o vice de sua chapa, José Sarney. E embora as semanas de Tancredo no hospital, primeiro no Distrito Federal e depois em São Paulo, fossem acumulando, o presidente eleito não estava ficando melhor.

Mas aquilo ficou para trás por alguns momentos. No Estoril, na chuva e todas as adversidades que um dia daqueles podia representar a um piloto, Senna largava na frente e abria. Atrás dele, Elio de Angelis, seu companheiro de Lotus, tomava a segunda posição de Alain Prost e Keke Rosberg na largada.

Foi uma prova inegavelmente divertida. Os pegas entre Nelson Piquet - com uma Brabham que não roncava tão alto em 1985 -, Riccardo Patrese e Stefan Johansson, entre de Angelis e Prost, por exemplo, deram à corrida um quê de emoção. Claro, as quebras também eram potencializadas com a chuva, bem como os erros.

Ayrton Senna comemora a vitória no GP de Portugal de 1985 (Foto: Reprodução/Twitter)

E não fosse por esses pegas, não teria a menor emoção para quem não fosse ou estivesse torcendo por Senna. No volante da Lotus #12, Ayrton abriu, abriu e abriu mais um pouco. E nessa deu volta em quase todos na pista. Apenas o segundo colocado, Michele Alboreto, então na Ferrari, ficou incólume.

A lista de momentos históricos para o Brasil em dias 21 de abril não cessa assim, tão rápido. Em todo o território nacional o dia é feriado. Uma homenagem ao primeiro - e talvez maior - grande personagem do qual o país se orgulha. Foi em um 21 de abril que Joaquim José da Silva Xavier, Tiradentes, foi enforcado no Rio de Janeiro. O único membro da Inconfidência Mineira a assumir total responsabilidade pelo movimento que visava fazer da Capitania de Minas Gerais - revoltada pelos impostos abusivos, a capitação, da Coroa Portuguesa, como a Derrama e o Quinto - uma república independente de Portugal. O ano era 1792, ainda 16 antes da Família Real desembarcar no Brasil e mostrar algum apreço pela Colônia.

Um pulo no tempo até 1960. E em outro 21 de abril, o país ganhou sua nova capital federal. Brasília foi inaugurada pelo presidente Juscelino Kubitschek. Não que interiorizar a capital do Brasil fosse novidade. José Bonifácio, o 'Patriarca da Independência', falava na futura Brasília na época da independência brasileira. Mas foi JK - e seu Plano de Metas - quem tirou a antiga ideia do papel. O Plano Piloto de Brasília acabou por ser desenvolvido por Lucio Costa com projetos arquitetônicos ambiciosos do gênio Oscar Niemeyer.

Então, em 1985, Senna cruzou a linha de chegada. Ainda não tinha o 'Ayrton Senna do Brasil' de Galvão Bueno, que se tornaria o apelido com que o narrador exaltava o piloto ao cruzar a linha de largada na parte áurea da carreira. Existia o tema da vitória e seu 'tã tã tã', mas ainda não era identificado tão intrinsecamente a Ayrton como se tornaria. Era, então, apenas uma vitória convincente, quase brilhante, de um jovem atleta com muita gasolina no tanque.

Mas, hoje, olhando em retrospectiva, a vitória no Estoril em 1985 é muito mais do que mais uma das vitórias. Num momento em que a vida do primeiro presidente civil pós-ditadura escapava de suas mãos, e a nação se via mais uma vez atingida no âmago, Senna apareceu, venceu e mostrou ao mundo que seria mais do que um outro. Aos berros, Galvão dizia como a F1 falava do "talento fantástico e da incrível capacidade de conduzir um automóvel" do 'garoto' Senna, que fazia uma festa ímpar de dentro do cockpit do carro da Lotus.

O dia 21 de abril de 1985 terminaria com uma cobertura extensa dos veículos de comunicação brasileiros. No fim da noite, num plantão do 'Fantástico', o então porta-voz da presidência, Antônio Britto, anunciou que, aos 75 anos de idade, Tancredo Neves morrera vítima de uma infecção generalizada.

Talvez por isso a memória de Senna ainda seja tão viva hoje, 21 anos após sua morte. Por vencer e aparecer com uma força dominante quando tanta gente no país precisava encontrar um motivo para torcer e confiar que daria certo. Não que Tancredo fosse um herói unânime, amado por todos. Era um articulador político inteligente, mas chamava a ditadura de revolução. Não era um ídolo inconteste. Mas era a porta de saída vista pelo povo aos anos de chumbo e a ignorância dos homens fardados. E quando o país se via no direito de ser órfão de um personagem tão peculiar, Senna apareceu. E se não para isso, para que serve os grandes do esporte?

E nos anos Sarney que se seguiram, com o Brasil numa espiral da morte na economia – com a inflação chegando a quase 400% e planos econômicos tão mirabolantes quando fracassados -, assim como nos anos Collor de congelamento e impeachment, e sem respaldo no futebol, Ayrton vencia e tinha a habilidade de falar o que os torcedores queriam ouvir. Tornava-se um dos grandes da F1 e um motivo pelo qual muita gente tinha para se orgulhar de bater no peito e dizer que era Brasil. Faça o juízo de valor que quiser de Senna, pouco vai mudar na relação de adoração que tanta gente, velhas e jovens e de todos os credos e raças, têm com ele.

E todo esse legado começou naquele dia de abril de 1985, no Estoril.


FONTE PESQUISADA


MARUM, Pedro Henrique. Há 30 anos, Senna conquistava primeira vitória na F1 no mesmo dia da morte de Tancredo Neves. Disponível em: . Acesso em: 21 de abril 2015.
























Ovelhas negras, ovelhas brancas



Stálin era um visionário: na sua paranoia criminosa, ele conseguiu apagar de fotos "oficiais" os inimigos reais (ou imaginários) da sua estimável ditadura muitos anos antes do Photoshop ser inventado.

Mas não só: com igual engenho, ele próprio aparecia em fotos decisivas, sobretudo na companhia de Lênin, como forma de mostrar ao povo soviético quem era o verdadeiro herdeiro bolchevique (tradução: era ele, e não Trótski).
Passou quase um século. Mas a tentação de "apagar" o passado não larga certas cabeças com deficit de liberdade.

Um caso aparentemente menor mostra como: leio na virtualíssima "Slate" que Ben Affleck, um conhecido ator e "liberal" americano ("liberal" no sentido esquerdista do termo), pediu à PBS (televisão pública norte-americana) que um fato da sua família não fosse incluído no documentário "Finding Your Roots" ("encontrando suas raízes").

O referido documentário, da autoria de Henry Louis Gates Jr., procura revelar ao mundo quem eram os antepassados de várias figuras públicas. E um dos antepassados de Ben Affleck era –ó miséria das misérias!– um proprietário de escravos.

Affleck, depois de um presumível achaque nervoso, pediu à PBS para apagar essa nódoa. A PBS, em grande gesto deontológico que só honra o jornalismo, concordou. Primeiro, porque o antepassado escravocrata de Affleck "não era má pessoa", disse o autor do programa (sem rir).

E, depois, porque Affleck tinha nomes mais interessantes no cardápio –generais, ativistas dos direitos humanos etc.– que não comprometiam a canonização do ator. Para que sujar essa canonização com a ovelha negra, ou branca, da família?
O caso é primoroso porque mostra duas coisas sobre a cabeça de um ator que gosta de debitar grandes lições de moralidade sobre os outros –mas que abomina os espelhos que tem em casa.
A primeira lição é a incorrigível ignorância que existe nessa cabeça: qualquer cidadão de um país com passado escravocrata pode ter antepassados pouco recomendáveis. Os Estados Unidos são um caso.

Portugal seria outro: nunca fiz uma história genealógica da família. Falta de interesse, de tempo, ou ambos. Mas não me espantaria que, nos séculos 16 ou 17, houvesse por lá um Coutinho qualquer que, depois de comprar escravos na África (normalmente de um vendedor negro, que os capturava nas profundezas da selva para os vender na costa), os transportasse depois para as plantações do Novo Mundo.

A ideia de que eu, nascido em 1976, sou responsável por eventuais crimes cometidos por antepassados 300 ou 400 anos atrás só faz sentido na cabeça analfabeta de Ben Affleck.

Confrontado com um antepassado escravocrata, bastava que Affleck usasse algum humor ("felizmente, não o conheci") para que o assunto ficasse encerrado.
Só que "humor" é palavra interdita para um moralista. E esta é a segunda lição: se o caso não servisse para fazer piada, Affleck poderia sempre pedir "perdão" pelos crimes alheios, mantendo o seu halo de santidade.

Essa atitude, aliás, tem sido moda no Ocidente desde que Bill Clinton pediu desculpa pela escravatura; Tony Blair pelas fomes da Irlanda no século 19; ou até João Paulo 2º pelas Cruzadas.

As consciências progressistas sempre aplaudiram essas expiações anacrônicas, talvez por imaginarem que, hoje, ano da graça de 2015, a nossa imaculada conduta jamais será reprovada por quem viver em 2215.

O problema é que, nos Estados Unidos, pedir desculpas não chega. E o milionário Ben Affleck poderia ser confrontado com a indústria das reparações, que nos últimos anos tem exigido quantias exorbitantes à República americana pelos crimes da escravatura.

Perante todos esses dilemas, o que fez Affleck? Simples: para proteger a hipocrisia da imagem (e o recheio da carteira), pediu o exato tipo de censura que ele é sempre o primeiro a condenar. E como sabemos disso?

Ironia final: porque o pedido de censura de Affleck foi revelado pelo WikiLeaks, essa nobre instituição que é o sonho úmido de qualquer "liberal" que se preze.
Não há maior escravidão que esta: sermos vítimas da nossa própria vaidade e estupidez. 

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/joaopereiracoutinho/2015/04/1619121-ovelhas-negras-ovelhas-brancas.shtml#_=_

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